O mercado de software era minúsculo na década de 1960 e o de jogos, então, inexistente. Muito disso se devia ao alto custo dos computadores e tamanho desses equipamentos, limitando sua disseminação a instituições de pesquisa, grandes corporações e instituições de ensino. Mesmo assim vários jogos foram criados por programadores em busca de diversão e dos limites desses computadores. Muitos desses jogos eram distribuídos pelos próprios fabricantes de computadores que tinham o interesse de mostrar aos futuros clientes o quão poderosos eram seus equipamentos. Em um catálogo de programas da IBM, datado de abril de 1962 podem ser encontrados vários jogos como o “BBC Vik The Baseball Demonstrator” e um Jogo da Velha Tridimensional.
Outros jogos de computador desenvolvidos por programadores do próprio MIT e de outras universidades também foram criados nos anos que se seguiram a “Spacewar!”. Isso inclui o “Socratic System”, jogo de perguntas e respostas feito para ensinar estudantes de medicina a diagnosticar pacientes, criado por Wallace Feurzeig em 1962 e um jogo de dados criado por Edward Steinberger em 1965. Jogos para mainframes também foram desenvolvidos fora das comunidades da IBM e DEC, como o “Marienbad”, jogo polonês de 1962, para o computador Odra 1003.
Um projeto de pesquisa entre a IBM e o Conselho de Serviços Educacionais Cooperativos do Condado de Westchester, Nova Iorque, levou à criação de “The Sumerian Game”, um dos primeiros jogos de estratégia já feitos e o primeiro jogo com uma narrativa feita para a educação e entretenimento. Este também foi o primeiro jogo conhecido a ser projetado por uma mulher, a professora Mabel Addis.
Em 1969, um estudante do ensino médio criou o primeiro simulador de naves do qual se tem notícia. Inspirado pelo pouso da Apollo 11 na Lua, Jim Storer, então com 17 anos, criou o programa usando uma linguagem chamada FOCAL e utilizou o computador PDP-8 da escola em que estudava, a Lexington High School. Era um jogo baseado em texto e chamava-se “Lunar Landing Game”. O próprio Storer relembra essa época em uma entrevista para o site Technologizer: “A Lexington High School tinha um PDP-8. Tinha uns 8 teletipos, um pequeno disco rígido e 12 KB de memória principal, onde 8 KB eram usados pelo sistema e os demais 4 KB eram compartilhados pelos usuários”. Posteriormente Storer submeteu seu jogo à DEC, fabricante do PDP-8, e que sempre estava à procura de usos inovadores e interessantes para seus computadores. Esses programas eram geralmente distribuídos gratuitamente ou usados como demonstrações para clientes em potencial, servindo como uma poderosa ferramenta de marketing. Assim como ocorreu com “Spacewar!” versões de “Lunar Landing” foram escritas para uma dezena de plataformas nos anos seguintes e você pode facilmente encontrar versões do jogo na internet até hoje.
A década de 1960 foi bastante movimentada e todos esses jogos continuavam enclausurados em seus laboratórios, bem longe de qualquer tela de televisão que, aliás, já eram bastante comuns nos Estados Unidos no final dessa década, só que apenas como receptores passivos. Coube a um engenheiro alemão naturalizado americano aquele passo que difere uma inovação real de uma simples evolução, uma disrupção.
O nome desse engenheiro? Ralph Baer.
Seu invento? O videogame como o conhecemos atualmente!
A revolução da criação de Baer e sua Brown Box foram o ponto de partida da crescente indústria dos jogos eletrônicos e do que se convencionou chamar de a primeira geração de videogames.

